Manhãs como essa eram o ritmo deles: ela cantarolando, o telefone dele tocando no balcão, o conforto fácil de duas pessoas que construíram algo estável juntas. Depois do café da manhã, ela arrumou seus cadernos de desenho para a aula. Seus alunos – um grupo animado de sonhadores manchados de tinta – eram sua parte favorita da semana. Ultimamente, porém, ela tem se cansado com mais frequência.
Talvez por estresse. Talvez pelas longas horas de trabalho. Ela não pensou muito sobre isso. À tarde, o parque abaixo de seu apartamento brilhava dourado na luz do outono. Clara caminhou para casa por ele, desenhando cores em sua mente. Tudo era comum. Exatamente como deveria ser. Ela não sabia que, às vezes, as piores coisas começam silenciosamente.